Ultimamente o termo Convergência de
Mídias vem se tornando muito banalizado, até porque se confunde com
Convergência de Meios (infraestrutura), com Convergência de Conteúdo e seus
diferentes formatos.
Tudo o que é feito em comunicação,
sem uma certa linha de raciocínio ou sem possuir um encaminhamento claro,
passou a ser apelidado de convergência, como escusa para se aprovar um mix de
mídias mais amplo e mais diversificado.
Na verdade, para fins de
comunicação, este termo está diretamente relacionado à interligação dos meios
de comunicação para, tendo a Internet como cordão umbilical, como padrão comum,
transacionar conteúdos e mensagens nos diferentes formatos de mídia
disponíveis, das físicas digitalizadas às móveis e colaborativas.
Porém, existem algumas premissas
importantes para estabelecer essa combinação entre os meios (Internet, TV,
Rádio, mídia impressa, etc), como é o caso da digitalização do conhecimento e
do conteúdo em si e sua disponibilização na rede mundial, esta ainda sem
controle.
É fato que não se consegue
normatizar a navegação de um usuário e nem mesmo o conteúdo disponibilizado na
rede, inclusive o gerado pelos usuários. Por exemplo, em alguns minutos, uma
pessoa consegue, pela Internet, aprender a fabricar uma bomba e, ao mesmo
tempo, visitar diversos museus, bibliotecas, etc.
Assim, a parte positiva de tudo isso
é a possibilidade de se armazenar conhecimento, com velocidade de informação,
fácil acesso, profundidade e riqueza de formatos (mutimídia), tornando a
cultura e a notícia, bem como a possibilidade de interatividade, algo sem
fronteiras geográficas.
Já a negativa é que menos de 40% da população brasileira
está, hoje, conectada à Web. Notamos então que a exclusão digital se torna um
problema importante, uma vez que se configura como um grave limitante à
penetração da chamada Convergência de Mídias, hoje muito centrada nas mídias
móveis, como o celular (com índice de penetração superior a 100% no país).
Porém, é errôneo nomear Convergência
de Mídias como a proposta de trazer todas as informações de todas as mídias
para a Internet e afirmar que só através dela as pessoas terão acesso ao
conhecimento, entretenimento, transações e serviços. Na verdade, outros meios
como TV, rádio, etc e outras redes e
ambientes de comunicação, como universidades, livros, eventos, shows, etc,
independentemente de estarem disponibilizando seus conteúdos na Internet,
existem e continuarão existindo como agentes de distribuição de informações,
conhecimentos e mensagens.
Convergir mídia não significa
substituir umas pelas outras. Alguns exemplos históricos comprovam a tese: o
rádio não substituiu a literatura, o teatro e o cinema não diminuíram a
importância do rádio, a Internet não acabou com os jornais e as revistas
impressas, a televisão aproximou o som e a imagem de todas as pessoas, sem que
elas abandonassem outras formas de informação, entretenimento ou estudo, e
assim por diante.
Uma das formas mais adequadas e
simplificadas para conceituar a Convergência de Mídias pode se traduzir no
desafio de compreender, trabalhar e entregar modelos em que as pessoas tenham
acesso ao conhecimento, informação, entretenimento, serviços e transações, em
níveis positivos de qualidade e usabilidade, a partir dos meios que ela hoje
dispõe, de modo que eles se completem e se forlaleçam.
Não há dúvida nenhuma de que a
‘Convergência de Mídias’, como meio, em conjunto com a interatividade, como
modelo relacional, tornarão possível a disseminação do conhecimento (entendendo-se
aí inclusos entretenimento, serviços, etc) ao alcance dos nossos dedos e também
ao alcance de qualquer um em qualquer parte.
Em
suma, pode-se dizer que praticaremos formas virtuais de nos comunicarmos, mas
não irreais.
Texto de Daniel Rosa(Agência Adnews) e Marcelo
Outeda.